Álcool e estresse afetam o cérebro de homens e mulheres de forma diferente?
O estresse é um fator agravante para o consumo de álcool e afeta a saúde mental de maneira significativa. Nesse sentido, beber para lidar com emoções negativas deve ser considerado como um sinal de alerta, dado que aumenta as chances de problemas com o álcool.
Nos casos em que o álcool já é um problema, qualquer estresse ou gatilho, como ver imagens de pessoas bebendo, pode aumentar o risco de beber em excesso.
Buscando entender como o sexo biológico pode afetar estes aspectos, pesquisadores da Universidade de Yale fizeram um pesquisa com 77 participantes (46 homens e 31 mulheres) diagnosticados com transtornos associados ao uso de álcool.
Foi solicitado a estes participantes visualizar 3 tipos de imagens enquanto era feito um “mapeamento” da atividade cerebral destes indivíduos (técnica chamada de “imageamento por ressonância magnética funcional”). Depois deste mapeamento, os pacientes foram monitorados por oito semanas acerca do consumo diário de álcool.
O objetivo principal da pesquisa foi avaliar como diferentes “mapas” da atividade cerebral estavam associados com dias de consumo pesado de álcool ao longo das oito semanas seguintes. E, de fato, os pesquisadores encontraram algumas diferenças significativas: por exemplo, entre as mulheres, observou-se que um menor nível de ativação cerebral em uma região chamada de córtex cingulado anterior estava correlacionado a mais dias de consumo pesado.
Este achado não foi observado em pessoas do sexo masculino, que, por sua vez, tinham maior nível de ativação das regiões do cérebro conhecidas como hipotálamo e hipocampo.
Todas estas regiões são importantes componentes do sistema de recompensa cerebral, e são vinculadas à dependência de drogas. Tais resultados levam os pesquisadores a apontar a possibilidade de que o consumo de álcool entre pessoas do sexo feminino e masculino ocorra em função da ativação de diferentes regiões do sistema de recompensa, salientando a necessidade de buscas por diferentes estratégias terapêuticas de acordo com o sexo do paciente.
Embora sejam necessários mais estudos para se ter uma conclusão mais sólida sobre o assunto, estes resultados confluem para uma tendência geral da área da saúde de prover cuidados terapêuticos mais individualizados, levando em consideração não apenas os transtornos, mas diversas características do indivíduo, como sexo e idade.
Neuropsicanalísta: CBPC: 2022-2257